domingo, 10 de dezembro de 2017

O que é a tempestade Ana e que cuidados devemos ter?

O “pior” da primeira tempestade a ser baptizada (por Espanha) acontece entre o final da tarde de domingo e a madrugada de segunda-feira. As tempestades só terão nome em caso de ventos fortes.


O que é a tempestade Ana?

A tempestade Ana começou a afectar o país na manhã deste domingo e traz consigo ventos fortes e precipitação intensa (mas também forte agitação marítima e possível queda de neve nos pontos mais altos). O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) emitiu um aviso vermelho para oito distritos do país por causa do vento que soprará com rajadas até aos 110 quilómetros à hora, podendo chegar aos 130 quilómetros à hora nas terras altas das regiões Norte e Centro. A tempestade passa a Noroeste de Portugal e não atinge verdadeiramente o território continental.

Por que é que esta tempestade tem um nome?

A Ana é a primeira tempestade a ser baptizada através de um projecto de denominação conjunto de Portugal (através do IPMA), de Espanha (AEMET) e de França (MéteoFrance), que está em vigor desde o início deste mês. O primeiro dos três países a accionar um alerta laranja ou vermelho unicamente em relação ao vento, dá o nome à tempestade – neste caso, foi Espanha quem deu o nome à tempestade Ana. O alerta vermelho em relação ao vento só é accionado quando há ventos superiores a 130 quilómetros por hora.

“É mais fácil assim”, esclarece a meteorologista Maria João Frada, argumentando que simplifica a comunicação (tanto na comunidade científica como na população). Antes, os meteorologistas nos três países referiam-se às tempestades como depressões que passaram numa determinada altura pelo país.

Dar um nome tem o risco de banalizar estas tempestades?

Quanto à possibilidade de banalizar a utilização de nomes de tempestades e diminuir a sensação de alerta, a meteorologista do IPMA refere que “nada tem a ver” e que “os furacões são um caso diferente”. “A Europa já faz isto há algum tempo e nós temos de nos actualizar”, defende, dando como exemplo a Alemanha e o projecto do Reino Unido e da Irlanda que está em vigor desde o ano passado.

Quais os próximos nomes de tempestade?

O sistema de nomenclatura intercala nomes de homens e de mulheres, por ordem alfabética. A seguir à Ana vem Bruno, depois Carmen, David, Emma, Félix, Gisele, Hugo, Irene, José, Katia, Leo, Marina, Nuno, Olivia, Pierre, Rosa, Samuel, Telma, Vasco e Wiam, enumera a imprensa espanhola – o IPMA recusou divugar a lista.

Que danos pode causa esta tempestade? 

A Protecção Civil alerta para a possibilidade de “cheias rápidas em meio urbano” e inundações por transbordo de linhas de água “nas zonas historicamente mais vulneráveis”. São ainda esperados “danos em estruturas montadas ou suspensas” e a queda de ramos ou árvores por causa dos ventos fortes. 

A lista feita pela Protecção Civil é a seguinte:

. Piso rodoviário escorregadio e eventual formação de lençóis de água e gelo;
Possibilidade de cheias rápidas em meio urbano devido a acumulação de águas pluviais ou insuficiência de escoamento dos sistemas de drenagem;
. Possibilidade de inundação por transbordo de linhas de água nas zonas historicamente mais vulneráveis;
. Inundações de estruturas urbanas subterrâneas devido a deficiências de drenagem;
. Danos em estruturas montadas ou suspensas;
. Dificuldades de drenagem em sistemas urbanos, nomeadamente em períodos de preia-mar;
. Possibilidade de queda de ramos ou árvores em virtude de vento mais forte;
. Possibilidade de acidentes na orla costeira;
. Ocorrência de fenómenos geomorfológicos causados por instabilidade de vertentes devido à saturação dos solos e à perda de consistência.

Que cuidados é preciso ter?

É recomendado que se evite atravessar zonas inundadas, que se pratique uma “condução defensiva” a velocidades moderadas, que se garanta a fixação de estruturas soltas e que não se pratiquem actividades relacionadas com o mar, como a pesca desportiva, passeios à beira-mar ou desportos náuticos.

A lista feita pela Protecção Civil é a seguinte:

. Garantir a desobstrução dos sistemas de escoamento das águas pluviais e remover inertes e outros objectos susceptíveis de serem arrastados ou que possam criar obstáculos ao livre escoamento das águas;
. Adoptar uma condução defensiva, reduzindo a velocidade e tendo especial cuidado com a acumulação de neve e a formação de lençóis de água nas vias;
. Evitar atravessar zonas inundadas, de modo a precaver o arrastamento de pessoas ou viaturas para buracos escondidos no pavimento ou caixas de esgoto abertas;
. Colocar correntes de neve nas viaturas sempre que se circular nas áreas atingidas pela queda de neve;
. Garantir a adequada fixação de estruturas soltas, nomeadamente andaimes, placards e outras estruturas suspensas;
. Ter especial cuidado na circulação e permanência junto a áreas arborizadas, mantendo-se atentos à possibilidade de queda de ramos e árvores em virtude de vento forte;
. Ter especial cuidado na circulação junto à orla costeira e a zonas ribeirinhas historicamente mais vulneráveis a galgamentos costeiros, evitando, se possível, a circulação e a permanência nestes locais;
. Não praticar actividades relacionadas com o mar, nomeadamente pesca desportiva, desportos náuticos e passeios à beira-mar e evitando o estacionamento de veículos muito próximos da orla marítima;
. Estar atento às informações da meteorologia e às indicações da Protecção Civil e Forças de Segurança.

O que é o aviso vermelho?

O aviso vermelho emitido pelo IPMA é o mais grave numa escala de quatro e corresponde a situações meteorológicas “de risco extremo”, sendo conveniente que a população se mantenha ao corrente da evolução da meteorologia. O aviso vermelho deste domingo nos oito distritos supramencionados diz unicamente respeito a ventos fortes.


Adaptado do Jornal "O Público",
10 de Dezembro de 2017, Claudia Carvalho Silva

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