Ainda a propósito de ditaduras a nível mundial, a Costa do Marfim, o principal produtor de cacau do mundo, ainda enfrenta o fantasma do défice democrático.
A Costa do Marfim é um país africano, limitado a norte pelo Mali e pelo Burkina Faso, a leste pelo Gana, a sul pelo Oceano Atlântico e a oeste pela Libéria e pela Guiné. A sua capital é Yamoussoukro.
A história já é longa e parece não ter fim.
As eleições para a presidência do país, do dia 28 de Novembro de 2010, (que já deveriam ter ocorrido em 2005, mas que foram sucessivamente adiadas) deram a vitória a Alassane Ouattara, facto não aceite pelo anterior líder, desde 2000, Laurent Gbagbo, que continua a controlar as forças armadas.
Desde logo, se iniciaram confrontos, e até meados de Dezembro, registou-se a morte de, pelo menos, 296 pessoas, segundo a missão da Organização das Nações Unidas (ONU). Para além das forças militares, Gbagbo conta com mercenários, nomeadamente antigos combatentes da Libéria.
Gbagbo procurou sempre esconder esta realidade, proibindo a liberdade de imprensa, limitando o seu acesso aos locais dos conflitos.
A situação tornou-se caricata tendo Laurente Gbagbo, assumido o cargo de Presidente da República, com o apoio do Conselho Constitucional, ignorando os resultados eleitorais. A sua tomada de posse foi, inclusive, transmitida pela televisão, apesar do não reconhecimento internacional, nomeadamente a ONU, os Estados Unidos, a União Europeia e a França.
Ao mesmo tempo Alassane Ouattara, também prestou juramento na qualidade de Presidente da República da Costa do Marfim, visto ter vencido as eleições, com uma vitória por 54,1%, contra 45,9%.
As eleições foram supervisionadas pela ONU e as principais missões de observação internacionais consideraram que as eleições foram conduzidas de forma adequada, apesar dos incidentes às vezes violentos.
Com isto, a Costa do Marfim passou a contar com dois presidentes: Gbagbo, com o apoio do Exército e o controle da televisão, e Outtara, com o suporte da comunidade internacional.
Laurent Gbagbo enfrentou, ainda a ameaça de uma operação militar da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), caso não entregasse o poder a Ouattara. Mas não cedeu.
Os vários esforços realizados por governantes de vários países africanos, no sentido de Gbagbo aceitar o resultado eleitoral, também foram em vão. Gbagbo não quer deixar o poder.
Este tipo de instabilidade política conduz a prejuízos evidentes para a população e põe em risco a economia do país, podendo originar problemas de privação para milhares de costa marfinenses. Por exemplo, o Banco Mundial, em Dezembro, congelou os financiamentos à Costa do Marfim, com receio de uma possível nova guerra civil,à semelhança do que aconteceu entre 2002 e 2007.
Laurent Gbagbo, continua a rejeitar as propostas de resolução do conflito da União Africana para resolver o conflito e ameaça novamente a ONU, afirmando que irá bloquear os voos da ONU no espaço aéreo marfinense.
Foto APP
Alassane Outtara
Laurent Gbagbo, continua a rejeitar as propostas de resolução do conflito da União Africana para resolver o conflito e ameaça novamente a ONU, afirmando que irá bloquear os voos da ONU no espaço aéreo marfinense.
E a prova que o problema está para durar, foi mais uma intervenção armada das forças fiéis ao presidente cessante Laurent Gbagbo, que no último sábado atacaram, com recurso a helicópteros e carros blindados ao bairro de Abobo, território onde se encontra Alassane Ouattara, dando a origem a mais mortes de civis, que são, sempre, as principais vítimas dos ditadores que ainda hoje prevalecem em muitos países, sobretudo, africanos e asiáticos.
Laurent Gbagbo, assume posições radicais, e exigiu que a missão de paz da ONU deixe o país, em retaliação à tomada de decisão da ONU em considerar os resultados eleitorais válidos e consequentemente a sua derrota.
Porém, a ONU rejeitou a saída e renovou a sua missão por mais seis meses, mantendo cerca de 800 soldados da paz para protegerem Alassane Ouattara.
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